segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Capadócia: Toda a região encontra-se num planalto com aproximadamente 1000 m de altitude, que aliado à sua situação muito interior, explica o clima marcadamente continental, com verões quentes e secos e invernos frios com neve. A paisagem única da região é o resultado da acção de forças naturais ao longo de milhões de anos

Vista aérea da paisagem típica da região de Nevsehir
Cortesia de wikipédia

A Capadócia é uma região histórica e turística da Anatólia Central, localizada na Turquia.
A noção de «Capadócia» é tanto geográfica como histórica, tendo os seus contornos variado consideravelmente, conforme as épocas e pontos de vista. O geógrafo e historiador grego Heródoto considerava que a Capadócia estava delimitada pelos Montes Tauro a sul, pelo Lago Tuz a leste, pelo rio Eufrates a leste, e pelo Mar Negro a norte. Uma área que foi sucessivamente uma província persa, do Império Macedónio, Reino da Capadócia e província romana.

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Actualmente, o termo Capadócia tanto pode referir-se a uma área de aproximadamente 15 000 km²,  como a uma área muito mais restrita, o triângulo com aproximadamente 20 km de lado. Em muitos mapas, o nome da Capadócia não é mencionado.
As características mais distintivas da região são as formações geológicas únicas, resultado de fenómenos vulcânicos e da erosão, e o seu rico património histórico e cultural, nomeadamente cidades subterrâneas e inúmeras habitações e igrejas escavadas em rocha, muitas destas com admiráveis frescos. Em 1985, o Parque Nacional de Göreme, uma das áreas mais famosas da região, com 9576 ha, foi declarada Património Mundial pela UNESCO.


Algumas civilizações antigas floresceram aqui, como a dos Hititas, tendo a região sido ocupada e sofrido influências de outras civilizações originárias da Europa e da Ásia Menor. As características geológicas deram origem a paisagens que são frequentemente descritas como lunares, se bem que a região não seja desértica. As rochas da região, principalmente tufo calcário, adquiriram formas caprichosas ao longo de milhões de anos de erosão, e são suficientemente macio para permitir que os humanos construam as suas habitações escavando-as, em vez de erigir edifícios, o que faz com que nessas paisagens lunares abundem cavernas naturais e artificiais, algumas delas ainda habitadas.
A situação geográfica da Capadócia, tornou-a encruzilhada de rotas comerciais importantes ao longo dos séculos e tornou-a alvo de contínuas invasões. Para se refugiarem durante as invasões, os habitantes construíram refúgios subterrâneos, por vezes verdadeiras cidades, supondo-se que as mais antigas podem remontar ao tempo dos Hititas, há mais de 3000 anos, e que muitas ainda estarão por descobrir.


Habitações
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Estas cidades têm vários andares, a de Kaymakli por exemplo, tem 9, embora apenas 4 estejam abertos ao público, estando as outras reservadas para investigação arqueológica e antropológica. Dispõem de canais de ventilação, cavalariças, padarias, poços de água e tudo o mais necessário para que os seus ocupantes, cujo número podia alcançar os 20 000, pudessem resistir durante vários meses sem que fossem detectados pelos invasores. Durante o período bizantino, algumas destas construções subterrâneas foram transformadas em igrejas e decoradas com frescos nas paredes e tectos.

Zelve
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Toda a região encontra-se num planalto com aproximadamente 1000 m de altitude, que aliado à sua situação muito interior, explica o clima marcadamente continental, com verões quentes e secos e invernos frios com neve. A precipitação é esparsa e a maior parte da região é semi árida quando não mesmo árida. A paisagem única da região é o resultado da acção de forças naturais ao longo de milhões de anos.


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Na segunda metade do século IV, numerosas comunidades monásticas são estabelecidas na região, impulsionadas pelo bispo de Cesareia, influência dos mosteiros da Palestina e do Egipto. Basílio opunha-se ao Arianismo, então no seu auge, e que era favorecido pelo imperador Valente. Para enfraquecer a autoridade de Basílio, Valente cria uma segunda diocese, a Capadócia Segunda, cuja autoridade religiosa entrega a um bispo arianista. Essa nova diocese tinha a sua sede em Tyana, que é hoje o pequeno povoado de Kemerhisar.
Em 536, o imperador Justiniano cria a diocese de Mokissos. Nesse período as basílicas e outras igrejas multiplicam-se. É nesta época que surgem as primeiras igrejas rupestres. Como a maioria das casas da região, estas eram escavadas na rocha, sendo estas cavernas artificiais depois decoradas e acondicionadas. Actualmente ainda existem centenas de igrejas na região.


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A região tem um papel muito especial na tradição cristã. Durante os primeiros anos do cristianismo, a Capadócia foi um terreno fértil para a expansão da nova religião, em parte pela sua proximidade das Sete igrejas da Ásia, mencionadas no livro do Apocalipse do Novo Testamento, e de Antioquia, onde São Pedro fundou a primeira comunidade cristã.
São Paulo efectou 3 viagens à Capadócia entre 44 e 58. Muitos dos primeiros cristãos habitavam a região, tendo as cidades subterrâneas sido usadas como refúgio pelos primeiros cristãos durante as perseguições de que foram alvo durante os séculos II, III e IV. Aí nasceram nessa época pelo menos os seguintes santos e teólogos:
  • São Mamede, São Basílio Magno e Gregório de Nissa, de Cesareia;
  • Cesário de Nanzianzo, Gregório de Nanzianzo, o Velho e Gregório de Nanzianzo, o Novo, de Nanzianzo, uma antiga cidade onde agora se encontra a pequena aldeia de Berkalar.
Basílio, Gregório de Nissa e Gregório de Nanzianzo, o Novo, são chamados os Padres ou Filósofos Capadócios na literatura cristã, sendo apontados como importantes teólogos, tendo desenvolvido, por exemplo a doutrina da Trindade.
Outro clérigo famoso originário da região foi João II da Capadócia, patriarca de Constantinopla entre 518 e 520, que, apesar do seu curto patriarcado, ficou famoso por ter marcado o fim de um cisma de 34 anos entre as igrejas orientais e ocidentais, originado no Concílio de Calcedónia.



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Cortesia de wikipédia/JDACT